16/02/2009

Bancos

A palavra da vida e da morte é: dinheiro.

Pois que hoje, poucos minutos antes do meu almoço, recebo um telefonema do banco do qual sou cliente, segundo me disse Djalma, há 4 anos:
-Senhora Fernanda, aqui é o Djalma do banco X e estamos ligando para uma proposta interessantíssima para a senhora.
-Hm.
-A senhora passa a ter cobertura de 300 reais por dia, 300 reais POR DIA, em caso de hospitalização. Acidente automobilístico, acidente aéreo, fraturas, amputagens, problemas na gravidez, câncer e inclusive UTI, U-TÊ-Í! Pagando apenas dezenoveenoventareaismensais a senhora pode ficar tranquila no hospital. Para simular o benefício, imagine a seguinte situação: a senhora sofre um acidente de carro e vai para a UTI, fica enternada 10 dias e no final a senhora recebe diretamente na sua conta corrente o montante total de: três mil reais, TRÊS MIL REAIS, senhora Fernanda, em apenas 10 dias, 10 dias na UTI! Podemos estar enviando a documentação ainda hoje para a senhora conferir todos os benefícios oferecidos por esse inovador plano que o banco X oferece aos seus clientes preferenciais. Posso estar enviando a documentação para a senhora, senhora Fernanda?
-Não.
-Mas por quê, senhora Fernanda? Olha, este é um pacote exclusivo para os clientes do X, inovador e moderno que atende todas as necessidades em caso câncer, problemas de gravidez, UTI... E por apenas dezenoveenoventareaismensais... Posso estar enviando a documentação para a senhora analisar com mais calma?
-Não. Não tenho interesse.


Veja, que não estou aqui reclamando e falando por um sentimentalismo não-prático (pô, todo mundo pode ter câncer, sofrer um acidente de carro ou ter as mãos amputadas... claro!). Mas é esse jeito. Esse jeito de querer vender a propaganda da minha morte para que, pagando, eu tenha mais segurança da minha vida.

E meu suco gástrico esquenta não só por causa do banco, mas também porque um ser humano se torna tão imbecil ao ponto de passar a mão no telefone e dizer essa verborragia imunda e insensível, essa poética burocrática, esse bem-querer com parcelas mensais de 19.90, e aceitar ganhar dinheiro para se tornar gradualmente em algo que não é mais nem gente (por que não sente), nem bicho (porque acumula dinheiro) nem coisa (porque pensa). É algo novo. Um ser inovador. Inovador...

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