13/02/2009

Toalha de mesa

Hoje, tirando a toalha de mesa da minha casa, me lembrei de 3 situações iguais porém distintas:

- Fernanda! Cuidado pra não sujar a toalha de mesa da sua avó!
- (ahn?) (ahnnnn!) (...) Tá, mãe.

(10 anos depois)
-Fernanda! Olha a toalha, minha filha!
- Tááááá, mãe!!!!!( uuhhhhhh!!!! ) (porra, toalha serve pra quê, senão para não sujar a mesa?! toalha serve para SUJAR A TOALHA, que é muito mais fácil de limpar do que toooda a mesa! Chata!)

(mais 10 anos depois)
-Bernardo, cuidado quando for tirar isso (jogo americano) porque senão vai cair sujeira na toalha e vai dar trabalho lavar.

(17 segundos depois)
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Que que eu tô falando uma coisa dessas?!?! Que horror!!!

(...)
Mas realmente vai sujar a toalha e vai ser um saco lavar isso.

(...)
Meu deus... tô ficando igual à minha mãe.

(...)
Não, o que está acontecendo agora é que só depois de 20 anos eu pude entender a minha pobre mãe. E acontece que só agora eu tenho a mesma idade que ela tinha quando eu tinha 5 anos e percebi pela primeira vez na vida que pode acontecer de uma toalha de mesa sujar e que isso não é desejável, mas que mesmo não sendo desejável ela está lá para isso.

Não, eu não fui clara ainda.
O que eu quero dizer é que agora eu entendo.
Minha capacidade de me expressar por meio da escrita é totalmente insuficiente para que eu possa explicar o que eu entendi. Mas foi tal entendimento e com tal força que as tripas se movem apertadamente no meu interior, entre felizes e enternecidas, rejuvenescidas e maduras.
E agora eu não tenho mais como pedir desculpas para a minha mãe por eu ter sido ignorante. Porque esta é uma situação tão-tão pequenininha e aparentemente sem importância, que ela não entenderia. Se eu mesma não consigo explicar, como ela poderia me explicar que ela entende? Ou talvez sim... Talvez ela me entenda. :)


*******

De tão densa
e de tão intensa
morreu de tanto calar.






Um comentário:

  1. Não sei se eu entendo, mas não me importa: o entender é só uma arte entre outras milhares. Não fico tentando entender o tempo todo e não quero entender o tempo todo. Às vezes me vejo levado como se estranhasse meu próprio braço.
    Talvez isso só seja uma tentativa de retribuir um comentário que me tocou, de boa. Limpo.
    Mas eu queria provar que você escreve coisas fundamentais.
    E o que é fundamental não se entende: só se desentende a ponto de sentir um olhar mais molhado.

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